Os Dançarinos

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Desesperança

debaixo do chapéu, cabelos brancos
feito os pombos que ciscam o chão
o pensamento parte em revoada

o velho cruza a rua de mãos dadas
com a sua solidão
olhos fixos que não dizem nada

pra onde vai o tempo?
pra onde ele leva o que se perdeu?

uma mulher ajeita o vestido
sujo como o pano que esfrega o chão
ela carrega no rosto um sorriso gasto
que cabe no tubo da pasta de hortelã

ela evita o coração
mas o espelho não evita o amanhã

o grito do tempo ecoa
ele diz esperança...

10 comentários:

  1. ¨pra onde vai o tempo?
    pra onde ele leva o que se perdeu?¨

    Gostei! Muito bom!!!!

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  2. Muito bonito este seu poema.
    Me deixa publicar um poema seu no
    meu blogue, com os devidos créditos?
    Sabe me ensinar como colocar música
    num vídeo para inserir no Youtube?
    Eu consigo fazer o vídeo, meter a música
    é que não.Meu email é certin@portugalmail.pt
    Um beijo, e obrigada por se ter registado
    no meu blogue.
    Irene

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  3. Só percebemos o tempo quando ele passa, antes achamos que tudo é possivel, menos envelhecer:
    "O homem velho deixa a vida e morte para trás Cabeça a prumo segue rumo e nunca, nunca mais O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais"

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  4. [... Se agora descemos as escadas da casa sem sol, sem sombra, sem chaves nem estantes por arrumar, esses estorvos da memória; E tudo o se acumula pelo fio dos anos, as riquezas e misérias dos objectos que se querer, acumulamos, e se agora sem rumo certo assobiássemos uma canção trivial, uma canção quotidiana, inventada agora mesmo

    agora, não depois!]

    um imenso abraço, Gian

    Leonardo B.

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  5. Nunca sabemos para onde o tempo segue e, certamente,ele levará o velho e a mulher parta caminhos distintos. Lindo o poema. Grata pela sua visita. Bjos.

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  6. Delicadas palavras, meu gato. Triste e belo. Sua escrita é muito imagética. Amo!
    bjs

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  7. és um verdadeiro artesão de palavras. Sempre que entro aqui me impressiono com tua precisão.

    abs

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  8. Delícia de poema cravado no cotidiano, sem perder a poesia jamais.Adoro sua percepção poética!

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  9. Como é bom estar aqui, poder ler tanta coisa linda!
    Estava com saudades!

    Beijo meu!

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