Deus criou a vida... A vida criou o homem... O homem criou a palavra... A palavra criou Deus...
Eu também poderia afirmar que a palavra nasceu como a vida. Que da mesma forma que os átomos se agruparam para formar moléculas de DNA, os sons se juntaram para formar as palavras...
Sofismas à parte. Não pretendo discutir aqui o fenômeno da criação. Não tenho dados de pesquisa nem conhecimento suficiente para isso. Só sei do que me interessa. Trabalho com a minha imaginação, o que convenho, suplanta qualquer realidade. Eu sempre opto pela visão poética. E aí fica mais fácil. A vida veio do mar. A palavra veio da música.
Imagino... Nossos ancestrais, ainda em suas cavernas, emitindo seus primeiros sons guturais numa tentativa de se comunicar. E quando essa ponte se completa, os rudimentos das palavras estabelecem uma comunicação efetiva, nascendo assim, a percepção do outro. Real. Imagino... O nosso ‘eu’ primitivo, maravilhado, abandonando sua caverna interior para se aventurar nessa extraordinária descoberta. O outro como um igual. A descoberta de um novo mundo. O seu próprio. Imagino... Puxada pelos cavalos do tempo, a carruagem da evolução seguindo sua marcha, e as palavras, que flutuavam suspensas no ar, caindo sobre as pedras. Literalmente. O surgimento da escrita. Esse evento é como um raio partindo o mundo em dois. Agora o mundo exterior pode ser interiorizado e, em contraponto, o sombrio mundo interior ganha a luz do dia. Como água e óleo, estes dois mundos se chocam, colidem, mas não se misturam. A guerra dos mundos. Em cada um de nós. Agora seres eternizados nas nossas próprias palavras.
Não sei para onde essas ideias querem me levar, mas as sigo, obediente. Meu pensamento é veloz e não consigo acompanhá-lo. Ando meio esquisito mesmo. As ideias já vão longe. Eu fico aqui. Perdido. Tenho lido muito e muitos. Agora penso em todos que escrevem. O que me assusta um tanto. Tantos. É. Porque para escrever de verdade é preciso mergulhar profundo. É preciso fôlego e coragem. É preciso um quê de pureza. O susto é porque fico na dúvida se vale a pena tanto esforço.
Tento me colocar do outro lado – sempre quero ver os dois lados – e gosto disso. Ver o todo me dá a perspectiva de percebê-lo à margem. De fora sempre se vê melhor, de longe se vê mais largo. E eu me vejo lá longe. Eu, um pequeno leitor. Aventureiro. Desbravador. Descobrindo os livros, com suas histórias incríveis. Tão minhas. Conhecendo escritores com seus pensamentos excitantes, intrinsecamente ligados aos meus. Que os pensamentos são compartilhados. De um pensamento de alguém surge um novo em você. Que compartilhar é inerente à criação. E em seguida me vejo um pequeno escritor. Criando. Destrono Deus. Ah! Descanse companheiro. Que este lugar agora é meu.
Mas em mim, criar, em vez de erguer uma obra, paradoxalmente a desmancha. Criar é a minha ruína. O espanto de toda luz que emanou do primeiro livro que abri ainda me assombra. As palavras são minha luz. As palavras me fazem Deus. E Deus vive nas sombras. Sou inundado por uma onda de compaixão ao pensar em todos que escrevem, autocondenados a viver nas trevas. Não sei se é uma esperança, a compaixão nos faz piedosos. Esperança, compaixão e piedade numa só frase? Estou completamente perdido. Acho que é hora de parar. Espero que você consiga enxergar alguma coisa porque eu não vejo mais nada. Está escuro por aqui.
Sim! Para criar a luz é preciso se apagar.
não existe Deus, senão o homem!
ResponderExcluirnão existe luz, senão a escuridão
culpamos Deus pelas coisas que não sabemos explicar
nossa fiquei arrepiada com o texto,mais que amei,me identifiquei,mas me sinto ridicula pois meus escritos nao dizem a metade do que está aqui...se levar pelas idéias e viajar,as palavras vieram das notas musicais,a criaçao da obra que qdo criada,se destroi, ruina...e concordo para criar a luz,é preciso se apagar...belíssmo e inspirador! bjoss no coracao e obrigadaaa por criar!
ResponderExcluirPara escrever de verdade todo esforço é válido =)
ResponderExcluirSerá que todos que escrevem estão condenados às trevas, mesmo? E seria isso ruim? Porque das trevas se faz a luz, e o que seria da luz sem as trevas?
Oras...=)
Gian,
ResponderExcluirAqui esta o que eu consegui enxergar!
Chama por mim, nessa escuridão e compartilhe tuas ruínas com os meus olhos, tão acostumados ao breu. Eles arrastam pensamentos desencontrados, contudo, ainda vêem a luz que sai dos olhos teus.
Olhos que perambulam nobres, na carruagem do tempo, pelas ruas e idéias. Alheios ao vento.
Somos propósitos espontâneos, do mesmo labirinto sombrio, onde as paredes úmidas provocam arrepios e vertigens.
E se nos condenamos as trevas, por certo não havia saída mais digna, não havia saída.
Chama por mim, como um voluntário que se atira ao mar e no mergulho mais profundo descobre que precisa de ar.
Bj grande.
Gian, fiquei de boca aberta pro teu texto maravilhoso. e tive uma vontade enorme de ouvir uma de tuas músicas.
ResponderExcluire, contradizendo o texto abaixo, te chamo de poeta, porque é o que fazes de melhor, creio.
;*
Agradeço ao bons ventos que te levaram até o vórtice e me trouxeram até aqui.
ResponderExcluirEcreves com a profundidade e sutileza das almas iluminadas... Sinto-me lisonjeada pelos elogios que recebi de você, pois vindo de alguém com demasiado talento, incentiva-me a continuar sempre. Ainda não consegui ler tudo, mas certamente, este será um dos meus lugares favoritos de agora em diante.
Um suave dia para você Gian.
Ha sim, só existe luz porque estava escuro antes. e a luz nada mais é q a vibração de moleculas. Por exemplo, uma barra de ferro balançando na escuridao. a uma determinada velocidade ela começa a emitir som (vuuuuuuu). Se acelerar muito, o som para (para nós, mas alguns animais ainda ouvem). Acelerando mais ela começa a brilhar por causa do atrito com o ar. Escuro, som, luz, tá tudo ligado.
ResponderExcluirme perdi, fui inundada pela tua veia poética, e me perdi.
ResponderExcluirVc me inspira, sabia...
ResponderExcluirMe perco em tuas palavras...
Um fds cheio de emoções..
Bjo grande
=D
Eu consegui enxergar a clareza da tua confusão, o porquê de tantas perguntas, a profundidade de tudo, o subliminar que há.
ResponderExcluirAcabei me perdendo, também, mas por puro prazer em te ler.
Vou puxar uma cadeira pra cá.
ℓυηα
Eita, moço.
ResponderExcluirArrabentou.
Amei seu texto. Sérião!
Bjos
Ooooiii, Gian
ResponderExcluirNão sei se acreditas em sincronismos, mas desde hoje cedo, quando acordei, tb estava maquinando uns trechinhos a respeito da palavra, propriamente dita, acredita? Agora, chego aqui e encontro este texto maravilhoso, que me toca fuuuuundo!
Eu tb não sei onde as idéias e as palavras querem me levar, mas gosto de ir com elas, nunca erraram o caminho antes! Para segui-las é preciso fôlego e coragem e não ter medo de mergulhar fundo, concordo plenamente contigo!
Adorei este teu palco! Linda coreografia tuas palavras executam aqui, bailei com todas!
Espero poder vir dançar muitas vezes mais aqui...
Vim agradecer a tua amável visita e a oportunidade de conhecer este espaço tão lindo.
Parabéns, teu Escuro me ofusca!!!!!
Bj carinhoso pra ti,
Wania
Gian... tem selo pra ti no meu blog...
ResponderExcluirQdo der passa lá pra buscar...
Bjooss e bom fds!
=D
Escrito existencial que nos faz pensar na verdade de tudo e nada verdade de nada. Nas verdades que viram mentiras, nas mentiras que viram verdades, e na diferença irrelevante que existe entre elas. Assim são os conceitos......são apenas palavras, as coisas em si não existem.
ResponderExcluirAbraços Gian.
Grande texto cara.
E é por esse desejo contido de brincar de deuses que criamos versos.
ResponderExcluirDemais,demais,demais!
Reverencio.
"Deus criou a vida... A vida criou o homem... O homem criou a palavra... A palavra criou Deus..."
ResponderExcluir"Ecce Homo"...(Ecce Deo...)
excelente seu texto !
e por falar (mais ou menos...) disso, vc ja assistiu Zeitgeist ?
seu blog é...profundo, no mínimo !
abç
Olá!
ResponderExcluirVim retribuir a visita e agradecer a bela oportunidade de conhecer seu blog. Voltarei mais vezes. Ótima semana para você!
Gil
Confesso que ando muito desligada com os dois blogs que tenho, tanto de cinema quanto o outro que você entrou que tem um pouco de tudo.
ResponderExcluirAcho que escrever é algo que precisar fluir naturalmente, você tem que acordar sentindo vontade e confesso estar ultimamente bastante entediada com mundo virtual.
Obrigada pela visita e seja sempre bem vindo, quando tiver um tempo passe também no Vintage Blog, minha outra página pessoal.
Abraços!
Reflexão da melhor estirpe aqui, Fabra.
ResponderExcluirAbraço sempre.
Continuemos...
"As palavras me fazem Deus."
ResponderExcluirA todos nós, Gian.
Ótimo texto.
Grande abraço
Tú sempre intenso! abs
ResponderExcluirO avesso da luz é a sombra... Deus deve se esconder por ali. É dele, ou talvez do diabo, essa mania de apagar a luz quando a gente resolve brincar.
ResponderExcluir- Primeiro AGRADECER pela visita e dizer que será sempre nem vindo.
ResponderExcluir- Texto Intenso, não tinha parado pra pensar ainda sobre o surgimento das palvras dos versos,ou até dos sentimentos...
Escrevo o que vivo o que sinto..
Escrevo o que me Basta..
E leio tudo que Julgo Bom..
Leio Você e.. Sigo tb
Beiijos QueriidoO;)
hahahaa
ResponderExcluirpor isso ele era um tricolor frustrado hahaha
e leia a crônica dele sobre a invasão corinthiana no rio...
abraços cara! e vai curintia!
Gian,
ResponderExcluirgostei tanto do teu comentário lá no blog da Marjorie,
que vim visitar o teu.
E que encontro agradável e feliz (muito feliz!).
Que escrita, a tua. Que pertinência, em tuas reflexões.
Esse mesmo texto, por exemplo: queria eu tê-lo escrito!
Tenho pensado tanto nisso ultimamente.
O Sentido do trecho:
"Porque para escrever de verdade é preciso mergulhar profundo. É preciso fôlego e coragem. É preciso um quê de pureza. O susto é porque fico na dúvida se vale a pena tanto esforço"
... visitou-me em devaneios ainda ontem!
Vale a pena? Tanto esforço (quase dor?)?
Que os paradoxos nos leve além.
Bjo.
Estou te seguindo.
Meu prezado artista,
ResponderExcluirA dúvida faz parte da criação. Sem ela, o que seria da propria imaginação. Transcedencia a parte, é muito proveitoso relê-lo.
Abraços
Rodolfo Rios
Oi Gian.
ResponderExcluirEstive por aqui lendo tua alma...
E me encantou profundamente.
Sinceramente fico lisonjeada por tua atenção e muito feliz pelo carinho que manifesta pelos meus escritos.
Graças a Deus ainda existem pessoas e que lê para além das palavras.
Por isso, fico realmente feliz por saber que o que eu escrevo, é lido por outras pessoas sensíveis como você.
Escrever é como respirar, é necessidade e tudo está de
certa forma no contexto da minha vida.
Obrigada.
Bem-vindo, sempre.
Mil beijos
Glória Salles
Deus criou o Diabo que era maestro e nos deu a música...grande sujeito esse Deus
ResponderExcluirQd leio vc me perco nos meus pensamentos... a imaginação voa longe... uma viagem deliciosa... Aprendizado!!!
ResponderExcluirp.s. ansiosa pra te ver... mas tem que ser com tempo pra te ouvir falar depois (ou antes) de te ouvir tocar...
Bjão
Vivi