Os Dançarinos

sábado, 31 de outubro de 2009

Carruagens


acordei com a sinfonia #1 de Mahler

- se é que é possível alguém despertar com Mahler
que inevitavelmente nos leva
para o seu mundo de sonhos -

e fui cavalgar pelos campos
de mil setecentos e pouco...

sobre velozes cavalos
o chicote zunia no ar

folhas secas que deixavam
um rastro de redemoinhos
naquela estrada que ia
do meu castelo ao mar

eu ia caçar teu sorriso
eu ia encontrar meu amor

de espessas nuvens cinzas
a chuva caiu sonolenta
e trouxe a lembrança de versos

que a chuva nos faz sonolentos

acordei com teu retrato
na contracapa de um livro

talvez eu comece a acreditar
que existam vidas passadas
reencarnações, essas coisas

ah! Cecília
tu que escreves
como quem conduz carruagens






quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Baile das Sombras



era uma criança inocente
rabiscando o papel
no quarto mal iluminado

ardia um toco de vela
a canção

ao seu redor
uma legião de sombras
dançando e observando

num canto escuro
um velho
com um sorriso amarelo

era uma criança inocente...

parecia mais o diabo

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Parábola Blues




a letra mais triste que eu já escrevi...


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Parábola Blues

Tento disfarçar o som da minha voz
Não quero que você perceba o quanto eu
Fico triste longe de você
Longe de saber o que aconteceu

Como foi seu dia? Como vai você?
As perguntas frias e as respostas sem porquê
É que eu não sei como esquecer
O caminho do seu coração

E alguém me disse: “deixe o tempo passar,
Não existe dor no mundo que ele não saiba curar”
Só não me disseram o que eu devo fazer
Enquanto espero o tempo passando longe de você

Flores pela casa, a casa agradece
Meu esforço inútil pra que a alegria regresse
Calendários marcam minha dor
Se eu não me engano o tempo me enganou

Por isso eu disfarço e sei como fingir
É que eu não quero que você perceba que eu já percebi
Que a minha tristeza é a sua também
Nem o tempo pode apagar o que ainda vem...

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se quiser ouvir com a música, é a faixa 5 do novo CD
clique aqui


love you, son,
always...

sábado, 17 de outubro de 2009

Perto do Coração Selvagem

O trabalho com minha banda me requisitou muito nesta semana . Além dos ensaios e reuniões, ainda tive que colocar o novo site no ar (que trabalheira que deu), o que me deixou totalmente sem tempo para escrever.

Assim, para não passar em branco, decidi 'postar' uma letra antiga que permanece inédita até os dias de hoje. Eu a escrevi em 1988. Na época, eu tinha uma banda chamada Buana 4. Nós chegamos a gravar a música, mas não lembro porque não a colocamos no disco. Eu nem tenho mais essa gravação... Enfim.

Há pouco tempo encontrei o Maurício Barros (Barão Vermelho), que era meu parceiro no Buana, e ele me disse que vai gravar essa música no disco solo dele que está em fase de produção. Legal. De volta, para o futuro.

Ah! Por incrível que pareça, eu não tirei o título do livro da Clarice. Eu nem o conhecia e só depois soube que já existia um livro homônimo. Curiosamente, nunca o li. Foi uma dessas misteriosas coincidências.

Bem, segue a letra...

perto do coração selvagem

se você já chorou por alguém
que nem ao menos conhece
se já jurou por amor
quem sabe um dia acontece
de você me achar perdido
entre as grades de um hospício
pedindo perdão a mim mesmo
e achando um desperdício

se alguém já te acusou
de mostrar os seus sentimentos
ou se você já notou
que existe um sinal nos tempos
você poderá me achar
escrevendo algumas besteiras
sentado em algum bar
bebendo entre amigos

se alguém já cortou suas asas
quando você quis voar
você poderá me achar
tentando a mesma viagem
E quando você se perder
entre vozes e imagens
você vai achar abrigo
perto do coração selvagem

se ninguém nunca entendeu
o lodo da tua alma
se você já se vendeu
e todos bateram palmas
eu sei que você já me achou
é só olhar pro seu lado
eu sei que você me entendeu
mesmo que eu esteja errado.




domingo, 4 de outubro de 2009

Inspiração

Ele só queria encontrar uma frase.

Parou diante do mar e ficou olhando... Nada!
Subiu numa árvore e olhou a paisagem, mas só conseguiu um arranhão.
Foi andando... olhando as nuvens... E quase caiu num buraco.

Parou em frente à placa de trânsito. Vermelha.
Onde se lia a palavra

"Pare".
Logo abaixo ele escreveu:

"A inspiração não está no que se olha, mas no que se vê".

E foi embora,
que cara estranho!

Mas deixou a frase lá.